sábado, 18 de dezembro de 2010

CARTA AOS SÓCIOS
Miguel Natal: "Não podemos pactuar
com as graves e insanáveis ilegalidades!"


Caros Associados da Casa de Angola em Lisboa,

No dia 10 de Dezembro de 2010, tomaram assento na Mesa Eleitoral para os corpos sociais da Casa de Angola, o Presidente da Mesa Eleitoral – Júlio Corrêa Mendes, o Presidente do Conselho Fiscal – Vitor Ramalho, o Primeiro Secretário – José Manuel Tocha, e os associados Óscar Fernandes, Coelho da Silva e Zeferino
Boal, os dois últimos, candidatos da lista nossa oponente e concorrente aos cargos, respectivamente, de Secretário do Conselho Fiscal e de Vice Presidente da Direcção. Ambos se posicionaram à direita do Presidente da Mesa Eleitoral.

Estes dois últimos associados e candidatos da lista oponente, foram nomeados escrutinadores, desrespeitando os mais elementares princípios de prática democrática, universalmente aceites.

No caso da Casa de Angola, foram expressamente violados os Estatutos, aumentando o rol de infracções graves, que são objecto de impugnação pela nossa lista “A Mudança Necessária”.

Concretamente,  a presença dos ditos escrutinadores constitui na a VIOLAÇÃO GRAVE do Artº 76º, nº 2 dos Estatutos da Casa de Angola, determinando a nulidade da Assembleia Geral eleitoral.

Esse foi apenas o culminar de todo um processo eleitoral, eivado de graves, sérias e insanáveis irregularidades. Por efeito das irregularidades anteriores, a lista “A Mudança Necessária”, sob PROTESTO, se havia já retirado do sufrágio, tendo devidamente fundamentado o facto, no período de antes da Ordem de Trabalhos, com um requerimento endereçado ao Presidente da Mesa Eleitoral, por escrito e com gravação áudio.

Repito e sublinho que deve ser tomado em consideração todo o contexto factual, o somatório de infracções de extrema gravidade.

Na sua totalidade, todas as irregularidades tinham sido objecto de queixas formuladas oportunamente, quer aos órgãos sociais da Casa de Angola, quer até a individualidades institucionais, Sua Exª o Sr Embaixador da República de Angola e Sua Exª a Srª Cônsul.

Como se não bastasse, no dia 15 de Dezembro, tomámos conhecimento que o Presidente da Mesa Eleitoral, Dr Júlio Correia Mendes, ao tentar coligir os dados para a elaboração da Acta da Assembleia Eleitoral, se viu confrontado com ele classifica igualmente de “irregularidades insanáveis” e como jurista reputado que é, não podia pactuar com tais fraudes, pelo que não redigiu nem assinou a acta e, em acto contínuo,
se demitiu, tornando nula a Assembleia Eleitoral do dia 10 de Dezembro de 2010.

Entretanto, tomámos conhecimento que, apesar de não haver Acta da Assembleia Eleitoral, não haver Mesa da Assembleia Geral (órgão que agora só tem dois elementos), os órgãos sociais saídos desse acto irregular e insanável, “deram posse” a si próprios.

“A Mudança Necessária” não pode pactuar com tantos e tão graves atentados à Casa de Angola e ao bom nome de Angola!

Um grande abraço de Mudança!

Miguel Natal        
(médico, sócio da Casa de Angola)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

OPINIÃO
HAJA VERGONHA!

(A minha posição sobre as eleições do dia 10.12.2010, na Casa de Angola).



Caros consócios ,


Como membro Mais Velho do Conselho Geral da Casa de Angola  venho por este meio exprimir a minha mais viva indignação e repulsa pela maneira como foi conduzido o período pré eleitoral e eleitoral assim como pela atitude de vários membros dos Orgãos Sociais que permitiram que a eleição ocorrida em 10.12.2010 fosse uma fraude e uma negação dos princípios estatutários e de boa convivência entre os sócios e dirigentes da Casa de Angola. Mais uma vez, atitudes indignas conduziram a aprofundar o fosso entre as várias correntes na Casa de Angola.


Vários actos ilícitos e anti estatutários foram praticados tanto pelos ex membros da Direcção, como pelo Presidente da Assembleia Geral e da Mesa Eleitoral.


1. Foram introduzidos muito recentemente , de maneira fraudulenta, nos Cadernos Eleitorais cerca de trezentos e cinquenta nomes de pessoas irregularmente inscritas e como tal inibidas de votar neste escrutínio . Apesar do vivo repúdio dessa manobra que visava a alterar a relação de forças entre as candidaturas, tanto  por mim  como pela  Lista A Mudança Necessária, o Presidente da Mesa da A.G. acabou por fechar os olhos e  não eliminou esses nomes, aceitando-os de facto. A introdução desses cerca de 350 nomes que não eram sócios efectivos à data das eleições e, portanto, sem capacidade eleitoral, favoreceu a lista conduzida pela sócia Susete Antão, e permitiu a sua vitória, que eu não saúdo por se tratar de uma vitória obtida com a cumplicidade de manobras ardilosas e  fraudulentas levadas a cabo pelos membros da ex- direcção, os quais com a maior da desfaçatez até faziam parte da sua lista.


2. Até ao ultimo minuto, os dois dirigentes restantes da ex Direcção recusaram-se a permitir o exame do livro de actas e da contabilidade para a verificação da aceitação pela Direcção da admissão desses 350 nomes, comportamento esse que traduzia a culpabilidade de facto dessa manobra batoteira. 


3. Mesmo assim e in fine,  o Dr Julio Correa Mendes , Presidente da Assembleia Geral e da Mesa Eleitoral não teve a coragem em adiar a data das eleições, a fim de permitir o efectivo exame exaustivo desses nomes estranhos à Listagem oficial da Casa de Angola,  serenar os ânimos e criar entre as duas listas um clima favorável à possível criação de uma solução de consenso.


4. A atitude do Presidente da Meda da Assembleia Geral e da Mesa Eleitoral é inadmissível e atentatória da normalidade e legalidade estatutária, ao permitir arrastar durante dois anos a permanência dos Orgãos Sociais, em total ilegalidade, e que deveriam ter acabado o seu mandato em Dezembro de 2008,  e ao permitir a realização de eleições em situações altamente irregulares e questionáveis, como veremos a seguir:


a) Ao aceitar a candidatura de vários nomes , irregularmente inscritos e não sócios efectivos, na lista conduzida pela Sra Susete Antão;


b) Ao permitir a presença de mais de 350 nomes de  falsos sócios inscritos ilegalmente nos Cadernos Eleitorais, manobra essa que  atempadamente foi denunciada.


c) Permitimo-nos também levantar a questão de ética sobre o  bom nome da Candidata a Presidente de Direcção , ao apresentar-se a eleições apesar de persistirem dúvidas sobre dívidas à Casa de Angola por falta de pagamento de rendas durante vários anos e , também, sobre o conflito de interesses resultante da situação de ainda exploradora da Cantina da Casa de Angola, situações estas que não foram atampadamente  examinadas pelo Presidente da Mesa Eleitoral, Dr. Júlio Corrêa Mendes. 


d) Ao não observar  o indicado no artigo 75ºdos Estatutos,  não solicitando a presença na Mesa Eleitoral do Membro Mais Velho do Conselho Eleitoral.


e) Ao não solicitar a presença de membros da Lista “A Mudança Necessária”, no escrutíneo eleitoral.


f) Alertamos finalmente para o numero excessivo e inusitado dos votantes da Lista da D Susete, em total contradição com a habitual frequência de 40 a 50 sócios nas Assembleias anteriores.


Desde há vários anos, que as várias eleições para Orgãos Sociais da Casa de Angola assumem um carácter irregular e ilícito permitindo assim, graças a manobras fraudulentas, a permanência do mesmo Grupo à testa da Casa, que se têm servido dela para interesses pessoais, aprofundando o antagonismo entre as várias sensibilidades,  praticando políticas totalmente contrárias aos princípios estatutários e ao necessário clima de concórdia e de diálogo entre os angolanos da Diáspora, e de promoção dos valores de angolanidade.


Mas, desta vez, a falta de transparência e de honestidade atingiram níveis de baixeza e de indignidade nunca vistos,  a agressividade verbal assumiu grande hostilidade , pré figurando assim um futuro sombrio para a Casa de Angola. 


Não podemos permitir  que persistam essas atitudes de profunda baixeza moral,  atentatórias das normas democráticas que regem a vida associativa e, assim, vimos publicamente denunciar este acto eleitoral totalmente ilegal, onde imperaram a batota e a aldrabice.


Permito-me saudar  a atitude corajosa e de grande  rectidão moral que a Lista A Mudança Necessária dirigida pelo Dr Miguel Natal sempre observou e concordamos com a sua retirada do pleito eleitoral para não pactuar com eleições falseadas à partida.


Neste quadro de jogos viciados , de um pantanal de comportamentos e atitudes, onde os princípios e valores fundamentais são constantemente pervertidos,  vale a pena lutar por esta Casa de Angola? Onde está a angolanidade em tudo isto?


Edmundo Rocha
Sócio efectivo nº 26
Médico e escritor
Membro Mais Velho do Conselho Geral
Presidente da Casa de Angola entre 1998 e 2000. 

sábado, 11 de dezembro de 2010

QUE TINHAM E TÊM A ESCONDER?
Cronologia que sustenta suspeita
de consumação de fraude eleitoral





1. Após dois anos de exercício de poder suplementar e ilegítimo, para além dos três de mandato estatutário, que terminou em 2008, os actuais corpos sociais marcaram finalmente eleições para 29 de Outubro de 2010.


2. Seguidamente, os órgãos sociais em exercício adiaram as eleições para 3 de Dezembro de 2010.


3. Nesse período, a Direcção em exercício introduziu cerca de trezentos nomes de alegados sócios e incluiu mesmo no caderno eleitoral provisório alguns já falecidos.


4. A lista “Mudança Necessária” conferiu os nomes e entregou à Direcção em exercício a relação completa dos referidos novos nomes e, como candidata, pediu que lhe facultassem as datas das actas de reunião da Direcção em que se tenha deliberado a injunção de tais nomes, bem como a respectiva correspondência de pagamento em movimentos de tesouraria.


5. Face às denúncias da lista “Mudança Necessária”,  parte dos referidos órgãos sociais, a Mesa Eleitoral (Presidente da Mesa da Assembleia Geral e Presidente do Conselho Fiscal), em 24 de Novembro de 2010, tornou a adiar as eleições para 10 de Dezembro de 2010, autorizando que três membros da lista denunciante pudesse consultar os documentos.


6. Membros da “Mudança Necessária” deslocaram-se, então, à sede da Casa de Angola, onde o Presidente da Direcção em exercício lhes disse que não tinha nada disponível e que aguardassem pela sua comunicação. 


7. Em 28 de Novembro de 2010, assinado pelo Presidente da Direcção em exercício, a “Mudança Necessária” recebeu um documento de recusa de acesso às deliberações que legitimaram a inscrição dos referidos nomes, alegando a legislação de “Protecção de Dados Pessoais”, o que não é juridicamente  procedente.


8. Dez (10) dos referidos novos nomes inseridos no caderno eleitoral e cujas inscrições como associados se suspeita não tenham sido aprovadas regularmente em reunião de Direcção, há mais de seis meses, com inscrição em livro de actas, contabilização e outros requisitos estatutários, portanto sem capacidade eleitoral activa ou passiva, constam de uma lista concorrente, entre vinte e quatro (24) possíveis, lista também integrada por vários nomes da Direcção e outros órgãos sociais em exercício.


9. A 10 de Dezembro, de manhã, dia das “eleições”, dois membros de cada uma das duas listas concorrentes reuniram-se na presença do Embaixador de Angola, para uma conciliação, mas a outra lista recusou retirar os cerca de 300 nomes impugnados, inviabilizando qualquer tipo de pacificação da Casa de Angola.


10. Escassas horas antes das “eleições”, um candidato da outra lista, não membro dos órgãos sociais cessantes, telefonou a membros da “Mudança Necessária”, disponibilizando a “consulta” dos elementos requeridos para as 17h00, uma (1) hora antes do início do “acto eleitoral”.


11. Embora conscientes de que em uma (1) hora,  nada podiam fazer, dois membros da “Mudança Necessária” dirigiram-se então à Casa de Angola, onde o Presidente da Direcção, Gervásio Viana, agora “auto-despromovido” a Presidente da Mesa da Assembleia Geral, lhes disse que a prova da autenticidade dos cerca de 300 novos sócios era o facto de estar entre eles o nome da Embaixadora na Bélgica, Elizabeth Simbrão, e que lhe poderiam telefonar se quisessem.


12. À boca das urnas, a “Mudança Necessária” entregou uma carta ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Júlio Corrêa Mendes, a retirar a sua candidatura. Nenhum dos seus membros permaneceu na Casa de Angola ou votou.


13.  O Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Júlio Corrêa Mendes, embora desautorizado pela Direcção, aceitou presidir ao acto contestado por fraude, emprestando ao mesmo uma “espécie de legitimidade”.


14. Uma equipa de reportagem da RTP foi impedida de fazer cobertura da “eleição”.


15. Embora a lista da “Mudança Necessária” não tenha sido afixada na sede, não tenha recebido designação alfabética (A ou B) e não tenha igualmente recibido etiquetas com os endereços dos sócios para envio de propaganda postal, como é da praxe, constava dos impressos de voto.


16. O “acto eleitoral” foi vigiado e controlado pelos mesmos que inseriram os “novos sócios” e a ele concorreram, à excepção de dois membros da Mesa da Assembleia Geral, um dos quais, convenientemente, em tempos “anunciara” a sua demissão de sócio, tendo surpreendentemente voltado. 


17. Após o “acto eleitoral”, eles anunciaram à imprensa que obtiveram 203 votos a favor,  tendo atribuído 12 à “Mudança Necessária” que não concorreu e não votou.






quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

APOIO
Pintora Dília Fraguito Samarth
deseja restauração da dignidade e da honra

Obra de Dília Fraguito Samarth

“A Casa de Angola em Lisboa vai ter eleições no próximo dia 10 de Dezembro, Estão tentando repor a normalidade.....acredito que é possível. (…)  É urgente que a Casa de Angola restaure a sua dignidade. O seu passado honroso de envolvimento socio-político e cultural deverá ser retomado pelo grupo que ora se candidata. O Dr. Edmundo Rocha em 1998 pediu a Sua Excelência, o senhor Embaixador de Angola em Lisboa, o Dr. Patrício, que trouxesse de Luanda um pouquinho de terra e água do Bengo....esses elementos sagrados deverão agora, pelas mãos do Dr. Edmundo, abrir caminho para esta nova Direcção..... “

- Dília Fraguito Samarth, pintora angolana.


APELO À MESA ELEITORAL
Corrijam o caderno eleitoral,
sem cobardia, ou demitam-se!  

Júlio Corrêa Mendes e Vítor Ramalho, membros da Mesa Eleitoral.

O movimento MUDANÇA NECESSÁRIA, que concorre às próximas eleições para os corpos sociais da CASA DE ANGOLA, repudia veementemente, a falta de transparência que apresenta a Lista Definitiva dos Associados Efectivos da CASA DE ANGOLA, lista esta que constituirá o “caderno eleitoral”.

A sua reclamação dirige-se essencialmente ao reprovável comportamento dos membros da Direcção ainda em efectividade de funções e que, não obstante a sua trágica gestão, aparecem agora como candidatos pela lista adversária do movimento MUDANÇA NECESSÁRIA.

Oportunamente,. o movimento MUDANÇA NECESSÁRIA denunciou a existência de 284 indivíduos irregularmente inscritos como associados efectivos da CASA DE ANGOLA constantes da Lista Provisória de associados efectivos elaborada pela Direcção; posteriormente, alguns dias depois, após a afixação da Lista Definitiva, o movimento MUDANÇA NECESSÁRIA apresentou, também formalmente, nova denúncia da existência nesta Lista Definitiva de mais 99 indivíduos irregularmente inscritos como associados efectivos, mantendo a Lista 257 dos indivíduos anteriormente impugnados, ascendendo, pois a 356 os pretensos associados em questão.

Perante a gravidade da situação e a evidência da pertinência dos factos denunciados, os Exmos Senhores Presidente da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal, agindo também na qualidade de  membros da Mesa Eleitoral, decidirem alterar a data das eleições para 10 do corrente mês de Dezembro e para esclarecimento, até à data das eleições, dos factos denunciados e eventual correcção da Lista Definitiva de Associados Efectivos (caderno eleitoral), determinou que fossem facultados aos membros da lista concorrente a “consulta da documentos para a necessária transparência de isenção, nomeadamente no que respeita às datas das decisões de Direcção sobre as propostas de admissão de membros denunciados sob análise simultânea do Conselho Fiscal. Solicitam os lançamentos na contabilidade, com identificação dos números respectivos de associados. As consultas deverão limitar-se à presença de 3 elementos por cada lista de candidatos”.

Sucede que a Direcção acintosamente recusa-se a permitir a consulta de documentação que permitiria constatar as irregularidades denunciadas, escudando-se numa eventual violação dos dados pessoais de indivíduos em questão, pretensamente protegidos ao abrigo da Lei da Protecção de Dados Pessoais, quando é sabido que, para além do mais, não se encontra autorizada e registada qualquer base de dados referente aos associados da CASA DE ANGOLA junto da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), nem devidamente identificado o pretenso responsável pelo tratamento de dados.

Unicamente o que se pretende averiguar é a data de inscrição dos associados impugnados, a consulta das actas da Direcção onde foi deliberado as inscrições em causa as propostas de admissão (as quais estatutariamente deveriam ter sido previamente afixadas na sede da CASA DE ANGOLA para consulta pública pelos associados, os lançamentos contabilísticos dos pagamentos efectuados por esses pretensos associados a título de pagamento de jóias e ou das primeiras quotas e o número de associado atribuído a cada um dos indivíduos denunciados.

O acesso a nenhum destes documentos ou elementos está condicionado ou protegido pela Lei de Protecção de Dados Pessoais (v. Lei nº 67/98 de 26 de Outubro).

Ao não permitir, identicamente, a consulta dos elementos contabilísticos referentes (exclusivamente) aos pagamentos efectuados pelos indivíduos denunciados, a Direcção esconde-se numa disposição que respeita à consulta da contabilidade aquando da aprovação de contas de exercícios, nada tendo a haver com o que agora se pretende.

Aliás, a Direcção com esta reserva está implicitamente a reconhecer que a inscrição dos pretensos 356 associados ocorreu já no corrente ano de 2010.

A recusa da Direcção em permitir que se esclareça a situação das inscrições impugnadas constitui uma verdadeira afronta e desconsideração às decisões dos dois mais importantes dirigentes da CASA DE ANGOLA, isto é, dos Presidente da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal.

As eleições marcadas para o dia 10 do corrente mês não se realizarão, nestas condições, na prevista data, se o Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Geral se revelar um dirigente integro e vertical, não admitindo ou contemporizando com a afronta que lhe é feita pela Direcção. É tão nebulosa a posição da Direcção, que dele se extrai, agora, o seguinte:

Na Lista adversária da do movimento MUDANÇA NECESSÁRIA aparecem 9 (nove) candidatos cujas inscrições como associados se encontram impugnadas; os indivíduos em questão, são os seguintes (elementos retirados do blog “casadeangolaparatodos.blogsfot”):

Egídio Feijó (Vice-Presidente da Direcção) 
Emanuel Figueiredo (Secretário Geral) 
Anaína Lourenço (Secretário-Adjunto)
Miguel Sermão (Secretário-Adjunto)
Nuno Pacheco (Tesoureiro)
Lara Loureiro (Vogal Efectivo)
Paulina Chitonho (Vogal Efectivo)
Kadafi da Costa (Vogal Efectivo do Conselho Fiscal)
Alexandre Carvalho (Vogal Suplente do Conselho Fiscal)  

E ainda o mais espantoso é que na referida Lista adversária aparece um candidato, ao cargo de vogal suplente da Direcção, Otília de Santos, a qual não aparece como associada efectiva, quer na Lista Provisória, quer na Definitiva (ambas as listas objecto de impugnação).

Dos 25 cargos que constituem a Lista Adversária, 40% são indivíduos ou cuja inscrição como associados é objecto de impugnação ou, pura e simplesmente, não constam como associados.

Isto é, a Lista adversária só consegue completar a sua lista recorrendo a indivíduos irregularmente inscritos como associados e tudo levando a crer que os que nela irão votar sairão maioritariamente, dos 35 associados impugnados.

Se os Presidentes da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal que, até ao momento, reputamos de pessoas sérias, honestas, transparentes, verticais e verdadeiros angolanos permitirem a realização das eleições sem que sejam analisados e averiguados os factos denunciados, estarão, então, a pactuar com uma verdadeira burla e na história da CASA DE ANGOLA serão, então, lembrados como os principais responsáveis pelo que de vergonhoso ocorrerá no acto eleitoral marcado para o dia 10 de Dezembro.

Os Senhores Presidentes da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal face à ignóbil desautorização que lhes é feita pela Direcção só terão, “se quiserem lavar a cara”, de esclarecer os factos denunciados, cuja investigação deverá ser feita, então, pessoalmente, por eles próprios.

Se os Senhores Presidentes da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal entenderem que não têm tempo para efectuarem as diligências de apuramento dos factos denunciados e não quiserem ser coniventes e máximos responsáveis pela escandalosa burla que constituirá o acto eleitoral com base numa Lista Definitiva de Associados fraudulentamente “cozinhada” pela Direcção, deverão, então,  apresentar de imediato as respectivas demissões relegando (eventualmente) para os Tribunais a decisão quanto à existência ou não das irregularidades denunciadas.

Aceitar por puro comodismo e laxismo a posição da Direcção expressa na comunicação feita acerca da decisão tomada pelos Senhores Presidentes da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal relativamente à necessidade de serem averiguados os factos denunciados, constituirá um puro acto de cobardia e recordamos que a HISTÓRIA soube sempre julgar os cobardes.

Reclamamos, pois, dos Senhores Presidente da Assembleia Geral  e do Conselho Fiscal transparência, isenção, verticalidade, honestidade, honradez e só assim serão merecedores de serem reconhecidos como verdadeiros angolanos e respeitados na nossa comunidade.
Viva a CASA DE ANGOLA!
Viva ANGOLA!



sábado, 4 de dezembro de 2010

OPINIÃO
GESTÃO RUINOSA E COMPORTAMENTOS INACEITÁVEIS NA CASA DE ANGOLA


Exmo Sr Dr Coelho da Silva,
Membro do Conselho Fiscal .

Recebi em 14.11.2010, uma  mensagem sua, por email, que me deixou perplexo. Essa  mensagem , sem qualquer sentido, visto eu não o conhecer, num tom eivado de fel e de ódio, com agressões verbais,  contradizendo as suas afirmações de fraternidade e de diálogo,  nada ajuda a elevar o debate e a esclarecer os graves problemas em que a nossa Associação se atolou neste últimos anos.

Curiosamente esse seu email foi apoiado pelo Sr Zeferino Boal, também membro do Conselho Fiscal, no exercício legal de 2006 a 2008. Para elevar o debate, vou colocar esta minha resposta no quadro institucional, visto os Senhores serem membros do Conselho Fiscal e eu ser o Membro Mais Velho do Conselho Geral.

Passo , portanto, a debruçar-me sobre alguns dos pontos mais relevantes, deixando as suas acusações, calúnias e quejandos no caixote do lixo.

Ponto 1: minha ausência de associativismo: permito-me lembrar-lhe que fui Vice Presidente da Casa dos Estudantes do Império em Lisboa em 1959-60; organizei em Rabat –Marrocos, em Setembro de 1961, o Congresso Constitutivo dos Estudantes das Colónias Portuguesas (UGEAN), que agrupou os estudantes da diáspora; fui eleito Presidente da Casa de Angola, em 1998-99, substituindo o Presidente da Comissão Instaladora, Dr Júlio Correa Mendes.

Durante os 18 meses da nossa gerência, conseguimos fazer renascer a Associação Casa de Angola, apoiados por subsidio da Endiama, desenvolvendo múltiplas actividades. Conseguimos nesse curto período de tempo, reabilitar o prédio em vias de degradação acentuada. No fim da nossa curta gestão deixámos cerca de 500 contos na conta corrente, e entregámos o ultimo subsidio da SONANGOL de 10.000 contos ao futuro Presidente José J. Oliveira, para os acabamentos do prédio. O subsidio total da SONANGOL destinado à reabilitação do prédio foi de 30.000 contos (150.000 €).

Ponto 2. Durante cerca de 8 anos afastei-me voluntariamente das actividades da Casa, estando no entanto atento ao que aí se passava e assistindo à progressiva à perda de prestígio da Associação.
Em Setembro de 2008 fui chamado a intervir por ter recebido uma notificação das Finanças, informando-me  do próximo arresto e posterior venda em hasta pública do nosso Prédio,  por dívidas não pagas. Não encontrando ninguém na Casa, e  tendo-me sido devolvida a carta que escrevera ao Presidente da Direcção, Dr Gervásio Viana,  decidi solicitar a intervenção urgente do Sr Embaixador, o que foi feito, salvando-se assim o nosso património. (Posso apresentar provas documentais). E foi essa minha intervenção que, curiosamente, abriu as portas da Embaixada à Direcção da Casa, que assim puderam convencer o nosso Embaixador a dar-lhes um subsídio de 61.000 € para pagamento de dívidas.

Este assunto escapou completamente aos membros do Conselho Fiscal de que VEa faz parte.

Ponto 3.  Assisti, perplexo, à ultrapassagem por cerca de dois anos , do termo estatutário do Vosso mandato, em Dezembro de 2008, sem que, durante esses três anos, nunca a Direcção tenha apresentado Relatório e Contas anuais a que a isso era estatutariamente obrigada. E foi preciso uma forte pressão de um grupo de  sócios para que uma lista de 32 associados, tenha obrigado o Presidente da Mesa da Assembleia Geral (PMAG) a convocar a 1ª Assembleia Geral deste ano. E foram alguns nomes nessa lista de 32, que suscitaram uma forte reacção do Presidente de Direcção, acusando-os de não serem sócios efectivos por não estarem inscritos na Listagem Oficial da Casa, nem terem sido admitidos nos trâmites normais de admissão de sócios. Começou aí a desvendar-se o mistério dos “sócios fantasmas”, não inscritos e não efectivos. Este assunto escapou também, completamente, aos zelosos membros do Conselho Fiscal.

Ponto 4. É aqui que entra em cena a Sócia Sra D Susete Antão, esclarecendo-me por vários mails, de que possuo cópias, sobre dois aspectos graves da vida associativa no vosso período de gestão: primeiro, a questão dos candidatos a sócios ; segundo , as contas ainda não completamente esclarecidas, da falta de pagamento de rendas da Cantina, durante 5 anos, e das atribuições de empréstimos, de pagamentos, e de serviços à Direcção da Casa de Angola,  por ela efectuados.

Para esclarecer estes assuntos , não só tive uma troca de emails com a Sra Susete Antão (de conhecimento público) de Maio a Junho 2010, mas também uma longa conversa em minha casa. E também um papo muito esclarecedor com o Dr Gervásio Viana.  Dessas conversas e troca de  mails, durante cerca de dois meses, ressalta os factos seguintes:

Ponto 5. Desde o princípio da vossa gerência, a Sra D Susete Antão foi solicitada pela Direcção a angariar  sócios para a Casa, em situação financeira difícil. E, por amor da camisola, assim o fez, conseguindo fazer preencher centenas de fichas de inscrição e receber o dinheiro da jóia e quotas de 12 meses, que transmitia a seguir a um membro X da Direcção. O nome desse Director está inscrito num dos emails que a Sra Susete me enviou. A 22Junho 2010 veio a minha casa conversar comigo e mostrou-me várias centenas de fotocópias de fichas de inscrição, devidamente anotadas com os valores entregues para pagamento de jóia e das quotas.. Essas fotocópias não eram os originais, mas tinham todas as características de autenticidade. Essas fichas e o respectivo dinheiro eram, segunda ela, entregues ao tal Director X. No entanto essas fichas parece nunca terem sido submetidas à apreciação da Direcção, parece não haver actas com essa menção, nem registo na Listagem Oficial, nem o dinheiro contabilizado. Os tais candidatos nunca teriam recebido recibos, nunca lhes foi comunicado por carta a sua condição oficial de sócio efectivo, o que criou um mal estar crescente por parte desses candidatos e por parte da D.Susete (email).. Tudo leva a crer que só muito mais tarde o Presidente da Direcção se veio a dar conta da marosca. O numero desses candidatos a sócios seria de cerca de 345.e os valores recebidos muito elevados, visto cada um ter paga uma média de 35€.

Ponto 6. Em 17.06.2010 tive um encontro “amigável”” com o Dr Gervásio. Ele já estava ao corrente da história da retenção das fichas  e tive confirmação disso ao assistir a um telefonema deste com o tal Director X.  X confirmou possuir as fichas , em sua casa, , “que as fossem lá buscar pois ele estava muito doente” e que “dispunha ainda de 5.000 € que entregaria mais tarde”- Ele, Gervásio, deu-me o telefone, e eu confirmei a identidade de X. Não sei o que foi feito dessas fichas retidas por X e do dinheiro. Creio que esse valor não apareceu no Relatório e Contas de 12 Julho

Ponto 7. Na A.G de 23/6/10 , o Dr Gervásio afirmou publicamente que “esse assunto  (dos candidatos a sócios não inscritos) seria resolvido pela Direcção seguinte”, confirmando assim a existência desse problema. Que eu saiba, não me dei conta de qualquer reacção dos membros do Conselho Fiscal sobre este assunto.

Portanto, até Junho/2010 nenhum desses cerca de 300 candidatos tinha sido admitido oficialmente pela Direcção, nem foram inscritos, com numeração, na Listagem oficial da Casa, nem o dinheiro entrou nos cofres da Casa. Pelo menos, estes factos não constam do Relatório Contas  de 12 Julho 2010.
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Ponto 8.  A marosca só foi descoberta quando o Dr Paneiro e o Dr Natal foram examinar recentemente os Cadernos Eleitorais, descobrindo a existência  de 287 novos nomes  (alguns já falecidos) que não constavam da Lista Oficial da Casa. Teriam sido introduzidos nestes últimos quatro meses de Julho a Novembro.

Só a Sra Susete Antão e o Sr X poderão confirmar a identidade desses nomes , com as fichas (e fotocópias) que eles possuem, e saber se são (ou não) os mesmos nomes. Era um extremo favor que faziam à Casa, mas nesta fase eleitoral, esses nomes devem constituir um “tesouro de guerra” para eles. Era do estrito dever do C.F. estar atento a estas malandrices, e a opor-se vigorosamente a estes procedimentos menos leais, contrários ao espírito da Casa.

Ponto 9. Outro assunto complicado, que deveria ter merecido a atenção não só do Presidente da Direcção e do Secretário Geral/Tesoureiro mas também dos membros do Conselho Fiscal, diz respeito à exploração da Cantina , de 2005 a 2010, espaço alugado pela sócia D. Susete Antão, por contrato assinado pelas partes , a 27 de Janeiro 2005.

Nesse contrato, ficou estipulado que, no ponto  13º, que “a  Concessionária fica responsável pela obtenção de licenças…para a devida exploração da Cantina. Ora  a Sra D. Susete Antão nunca conseguiu obter, que eu saiba,  essas licenças de exploração comercial. A Cantina esteve , no entanto, aberta ao publico (sócios e não sócios) durante esses 5 anos, e, consta, nunca ter pago impostos às Finanças, dessa exploração comercial.

Por fim, a concessionária D.Susete Antão não consegue mostrar os recibos do pagamento mensal de 450 € à Casa de Angola, durante o periodo de Março/05 a Novembro/2010. São 69 meses, o que corresponde a um total de 31.050 €. Não possui contabilidade escrita, que permita atestar dos movimentos financeiros que ela afirma ter tido com a Direcção.

Com efeito, num email de 17.06.2010, ela escreve ter emprestado várias somas, ter pago despesas com a EDP, ter feito obras, prestado serviços de restauração vários, num montante de 21.755 €. Isto significa que a Sra Susete Antão prestou-se a apoiar financeiramente a Direcção, durante todo este período, sem ter recebido qualquer prova documental destes movimentos de dinheiros e prestação de serviços. por parte da Tesouraria da Casa, isto é, não tem provas (recibos) de que, de facto esses movimentos de dinheiro e prestação de serviços existiram.  Foi-lhe prometida uma conta corrente, pelo Tesoureiro Tó Mané, a qual, que eu saiba, nunca lhe foi passada. Até à data da nossa conversa, a concessionária não tinha contabilidade escrita sobre esses movimentos que ela afirma ter tido com a Direcção (emails). Tudo se passava entre “amigos”. Não se sabe até hoje quem é, de facto, devedor/credor. Uma bagunça que merece ser esclarecida pela próxima Direcção para restauro do bom nome da Casa.

Como é que uma pessoa responsável, candidata a Presidente de Direcção da Casa de Angola, é totalmente incapaz de ter uma gestão normal de uma simples Cantina, que ela explora, durante cinco anos? Este facto, por si só , demonstra a total falta de credibilidade para ocupar esse posto e gerir uma Casa de Angola. Apesar da sua simpatia e dinamismo, não me merece a mínima credibilidade e  não terá o meu voto. Eu penso também que uma pessoa que tem , em aberto, estas dívidas com a Casa não deveria ser candidata até ver o seu nome completamente limpo.

Os estimados consócios, membros do Conselho Fiscal, nunca exerceram a vossa função de fiscalizar a contabilidade da concessionária, no sentido de travar este total desnorte tanto da Direcção como da Concessionária. Acredito até na sua boa fé, mas amigos, amigos, negócios à parte, e não há que fiar em ninguém.

Ponto 9. A ausência de apresentação do Relatório e Contas ANUAIS, por negligência do Presidente da Direcção e do Secretário Geral, TóMané, mas também dos membros do Conselho Fiscal, demonstra a total negligência dos caros consócios, membros do Conselho Fiscal.

Por outro lado, vamos acabar o ano de 2010 sem apresentação de CONTAS deste ano, o que mostra o desnorte dos Orgãos sociais ainda vigentes.  Enfim, não se sabe bem qual o montante das dívidas deixadas por esta Direcção  (de 30 a 60.000 €?? Tó Mané), o que revela a total negligência do C.Fiscal.

Ponto 10. Pelos factos anteriormente analisados, não compreendo como é que os membros dos ainda actuais Orgãos Sociais ainda têm a lata e o descaramento de voltarem a constituir uma Lista Eleitoral. É certamente o masoquismo que os anima, mas não o respeito pela Instituição Casa de Angola.

Ponto 11. Em todo este cenário tenebroso, noto, com grande tristeza,  uma grande falta de sentido de responsabilidade perante a nossa Comunidade e perante o nome de Angola, um enorme desleixo (veja-se o estado de degradação das instalações e do prédio), uma falta de vigilância sobre a actuação irresponsável dos Orgãos Sociais, em especial da Direcção.    

      Ponto 12 Por todos estes factos, peço aos sócios da Casa para darem uma oportunidade a um outro grupo de sócios com um Projecto coerente e que saiba orientar a Casa de Angola de maneira mais digna e no sentido dos interesses da nossa Comunidade e do nosso País. Esta é a equipa dirigida pelo Dr Miguel NATAL, que  vai receber o meu voto.


Lisboa 28.11,2010

Edmundo Rocha

Médico e escritor
Presidente da Casa de Angola em 1998.1999
Membro Mais Velho do Conselho Geral



NOTA EXPLICATIVA: O texto acima reproduzido tem como origem uma troca de mails, na qual eventualmente se terão terçado questões de estilo e estados de alma, que apenas interessam aos intervenientes. Uma lista concorrente aos órgãos sociais da Casa de Angola desconhece, não tem que conhecer tais assuntos.  O destinatário do mail (supra) não é, obviamente, o único responsável pelo que lá se imputa ao Conselho Fiscal. Optou-se por manter o mail na íntegra porque os factos que objectivamente lá são denunciados não podem ser calados, têm que ser aprofundados, esclarecidos e resolvidos de forma cabal e insofismável. Interessam à Casa de Angola. Truncar o texto torná-lo-ia ininteligível. Assim é que atacar a oportunidade da publicação do mesmo colocando a tónica na subjectividade é uma manobra de diversão, que visa esconder o que não deve ser escondido. À responsabilidade colectiva do Conselho Fiscal escapa Joaquim Fonseca, que foi vice-presidente desse órgão até 18 de Maio de 2010, data em que se demitiu por não conseguir que a Direcção apresentasse Contas e permitisse que o Conselho Fiscal, como é sua prerrogativa estatutária, tivesse acesso aos documentos de suporte de contabilidade. A partir daí, o Conselho Fiscal não chamou à efectividade, como deveria ter feito, o membro suplente que se seguia na ordem hierárquica. Esse membro suplente e um outro membro suplente, que por essa data também se demitiu, não podem, naturalmente ser responsabilizados. Por sinal, são ambos apoiantes da “Mudança Necessária”. Os três membros que continuaram assim a chamar-se de Conselho Fiscal não o são, de facto. Três em cinco é quórum, se todos forem convocados. Isso não é uma “Casa de Angola para todos”. Ainda assim, os três envolveram-se numa querela cujo resultado, por ocasião da apreciação das Contas pela Assembleia Geral, foi um estranho documento que se pode classificar como um “Não Parecer”.     

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

MÁRIO  DE ANDRADE.
“UM OLHAR SOBRE MARIO DE ANDRADE,
AO LONGO DE CINQUENTA ANOS DE LUTAS COMUNS”*

Edmundo Rocha**

Respeitado, admirado, acarinhado tanto em Paris, como em Conackry, Rabat, Argel, Maputo, Praia e Bissau, pelo seu empenhamento nas lutas pela liberdade dos povos africanos de expressão portuguesa como um dos mais brilhantes arautos da identidade africana e um dos principais obreiros da sua corrente marxista, Mário de Andrade, como tantos outros nacionalistas, teria encontrado poderosas razões para abandonar precipitadamente a sua pátria logo após a independência.Procura, então, terras de abrigo onde daria o seu  contributo para a consolidação das jovens independências, na Guiné primeiro e depois em Mozambique, triste destino para um Homem de diálogo e de compromisso.
Mário Pinto de Andrade
Oriundo de uma terra de letrados e de homens de igreja, no Golungo Alto, é um autêntico “ filho da terra”. Conheceu em sua casa, nas Ingombotas, muitos dos amigos de seu pai, “os Mais Velhos”, como André Mingas, Manuel Bento Ribeiro, Gervásio Ferreira Viana, fundadores como ele da Liga Nacional Angolana, nos anos 30. Mário cedo integra as actividades e as lutas na Liga, pelas reivindicações básicas: a plena cidadania, o Bilhete de identidade, o acesso à instrução.
Em Lisboa, onde chega em 1948, inscreve-se na Faculdade de Letras, em estudos difíceis, vivendo de explicações. Foi, nessa época distante,  meu explicador de latim. Liga-se àqueles que iriam ser os seus companheiros de sonhos e de lutas para toda a vida: Noémia de Sousa, Amilcar Cabral, Alda do Espirito Santo, Marcelino dos Santos, Lúcio Lara e Agostinho Neto, com quem cria uma tertúlia informal na casa da Tia Andreza, na Rua Actor Vale, o Centro de Estudos Africanos, casa com pergaminhos históricos que já deveria ter uma placa comemorativa, não só à Tia Andreza, recentemente falecida, como ao próprio Centro de Estudos, espaço de memória, de estudos e de reflexão à volta de temas africanos.
Nos Arquivos da Torre do Tombo encontrei o minucioso programa de trabalhos, poesia, prosa, história, etnografia, sociologia, economia, etc. O que mostrou o grau de seriedade e de compromisso, de redescoberta do Eu Africano, da necessidade de reafricanisação e de inserção no quadro mais global dos movimentos de emancipação dos negros, tanto na América, como nas Antilhas e em África. Foi um espaço criativo, que eu frequentei assim como o meu amigo Dr Tomás Medeiros. Foi nesse espaço que Mário gizou com Francisco Tenreiro, o “Caderno de Poesia Negra de Expressão Portuguesa”, primeiro marco do movimento da negritude nos espaços lusos.
As suas brilhantes palestras na Casa dos Estudantes do Império (CEI) e no Ateneu de Coimbra tiveram uma influência decisiva na tomada de consciência de uma identidade específica no seio dos jovens africanos, estudantes e marítimos, no inicio dos anos cinquenta.
A sua passagem pelo MUD juvenil* foi breve, avesso que ele era à disciplina que toda a militância clandestina exigia, o que o levou a ser detido pela PIDE em 1951 e em 1954. Mário apercebe-se então de que  os problemas dos povos colonizados não constituíam então , uma preocupação para os antifascistas portugueses, estimando estes ser prioritário o derrube do fascismo.
Em Junho de 1954 Mário decide fixar-se em Paris “um pouco para escapar a um circulo que eu via fechar-se à minha volta”.
Vivia-se em Portugal, nessa época, num ambiente hermético, provinciano, sob a pressão permanente das leis fascistas. Mário aspirava por espaços mais largos, universais, onde pudesse lançar a mensagem de desespero e de esperança dos seus compatriotas. Mário decide então a lançar-se nessa “grande aventura intelectual”.
Foi numa manhã pardacenta, que três jovens africanos, Aquino de Bragança, Marcelino dos Santos e eu próprio, acolheram na Gare d’Austerlitz, aquele jovem franzino, de olhos cintilantes de malícia e de humor , com óculos de aros metálicos, fatigado de uma longa viagem de comboio, aquela personagem que iria imprimir uma nova dinâmica aos sonhos  e esperanças de muitos jovens estudantes e trabalhadores na diáspora e que iria denunciar ao mundo as iniquidades do regime fascista e colonialista de Salazar.
Os primeiros tempos não foram fáceis vivendo do apoio dos seus amigos, dormindo ora no quarto de uns ora de outro, na Maison du Maroc, Bd Jourdan, na Cidade Universitária. Présence Africaine abriu-lhe as portas e foi o cadinho para os seus voos intelectuais. Foi aí que Alioune Diop o põe em contacto com homens de letras, políticos e estudantes da Africa Negra, das Caraíbas e intelectuais de expressão inglesa, como Senghor, Dadié, Cheikh Anta Diop, Bastide, D’Arbousier, Césaire, Basil Davidson , entre outros, os quais viriam a ser determinantes no apoio à mensagem nacionalista.
Foi certamente um dos maiores humanistas angolanos do seu tempo que soube promover, como ninguém, o Homem Africano em todas as suas dimensões, os seus sonhos e esperanças . Mário tinha uma estatura intelectual e política que ultrapassava o seu país de origem e abraçava a problemática complexa dos povos sob domínio colonial português
Graças ao seu espírito brilhante, verve fácil, elegante, “raffiné” , transbordante de humor  e de simpatia, foi o perfeito nacionalista africano, , da “rive gauche”, ligeiramente marxista..
O seu dinamismo e espírito visionário motivou a criação do “Grupo de Paris,” -- com Marcelino dos Santos, Aquino de Bragança, Guilherme do Espirito Santo e eu próprio. Este grupo manteve contactos estreitos com elementos mais conscientes na diáspora em Lisboa, com Angola, através de seu irmão Joaquim, com José Carlos Horta na Bélgica e com Luiz de Almeida, na Alemanha.
A chegada de Viriato da Cruz a Paris, em Outubro de 1957, munido dos Estatutos do Partido Comunista Angolano, que ele fundara em Luanda em 1955, e do Manifesto escrito com o seu punho a tinta verde, acelerou o movimento de emancipação dos povos africanos de expressão portuguesa. O grupo de Paris, com a presença de Viriato e de Amilcar Cabral, promove então uma reunião histórica, fundamental, a “Reunião de Consulta e de Estudo para o desenvolvimento da luta contra o colonialismo português”, em casa de Marcelino dos Santos, Rue Cujas, no Quartier Latin.
A tese de Viriato de condução da luta nacionalista por Partidos Comunistas foi combatida vivamente por Mário e afastada, para dar lugar ao conceito ideológico mais amplo de “Rassemblement”, de reunir, movimento agregador de várias classes sociais e etnias dos paises africanos. No entanto, essa opção pelo conceito de Rassemblement ficou impregnada de idéias marxistas, apócrifas, as quais viriam a marcar de maneira indelével, a ideologia e a praxis de todos os movimentos nacionalistas e condicionariam as orientações políticas e ideológicas dos jovens estados  , mais tarde.
Foi então, nessa reunião, decidida a criação do M.A.C., (Movimento Anti Colonialista), agrupando os elementos mais conscientes na diáspora, como Amilcar, Neto, Lara , Iko, Carlos Pestana e eu na Direcção , em Lisboa. Vários jovens da C.E.I tiveram, mais tarde, uma intervenção significativa: foi o caso de Gentil Viana, de Paulo Jorge e de João Vieira Lopes. Embora a sede do MAC fosse em Lisboa, teve um papel muito importante de mobilização da juventude africana. Poude, também, exprimir-se lá fora. De Novembro de 1957 a Janeiro de 1960, em Tunes, data em que foi transformado no FRAIN, foi o único movimento clandestino dos militantes africanos, tanto em Portugal como na Europa.Nessa época não existiam nem o PAIGC, nem o MPLA ,nem a FRELIMO.
O MAC esteve presente em vários eventos marcantes: em 1958, Mário e Viriato participaram na Conferencia dos Escritores Afro Asiáticos, em Tashkent, sendo aí convidados pela delegação chinesa, para uma viagem memorável à China Popular, no Congresso de Escritores do Terceiro Mundo.
No ano seguinte, Mário, Viriato e Lara participam no IIº Congresso de Escritores e Artistas Africanos, em Roma, onde tiveram o primeiro encontro político significativo, com o dirigente do FLN, o médico e escritor Franz Fanon, que disponibilizou os campos militares do FLN para treino dos angolanos. Começavam a ser reconhecidos como força política.
O passo politico mais importante para o M.A.C. decorreu, no entanto, em Tunes, em fins de Janeiro de 1960. Mário doente, não pode participar à IIª Conferência dos Chefes de Estado Africanos, que projectou os jovens nacionalistas para a cena política. Foi então decidido substituir o MAC por duas organizações nacionalistas, o PAI e o MPLA. Foi a primeira vez que o MPLA aparece na cena politica africana.
Nessa altura, Agostinho Neto chega a Luanda e instala-se como médico, nos muceques, onde foi contactado por Pedro Pacavira, dirigente do MINA, um dos raros militantes que tinha escapado à fúria Pidesca. Neto inicia então, em 1960, a fase decisiva da luta nacionalista no interior, como dirigente do MINA. Esta sigla é mudada então para a de MPLA, em consequência de directrizes recebidas, em Maio desse ano, de Mário, então em Conackry. Neto é detido pela PIDE, seis meses depois, em Luanda e enviado para Cabo Verde.
Entretanto, Mário e seus amigos, Viriato e Lara, instalam-se na Guiné Conackry e iniciam a luta nacionalista, no exterior. Para Mário, o seu período africano não foi fácil. Habituado aos hábitos parisienses-- as longas e acesas conversas nocturnas que ele tanto apreciava, os  cigarros  Gauloises, a leitura quotidiana do Le Monde, o levantar a desoras, iam contra a disciplina imposta por Viriato aos seus camaradas. De constituição frágil devido a uma anemia persistente, Mário suportava mal as difíceis condições de vida dos nacionalistas em África. Ele tinha horror aos mosquitos, à humidade, à falta de higiene e ao calor. Era “um intelectual emprestado à politica, como ele próprio confessava. Dirige A  Direcção Provisória e lança uma campanha internacional exigindo a libertação do Presidente de Honra do MPLA, Agostinho Neto, então em residência vigiada , em Cabo Verde, na Ilha de Santo Antão. Amnistia Internacional adopta-o como o Prisioneiro de Consciência do ano, o que leva o governo português a libertá-lo, colocando-o em residência vigiada na Praia das Maças.
Mário assume o ataque às prisões no 4 de Fevereiro e reivindica a direcção da luta armada em Angola. É, então, que reaparece o MANIFESTO, corrigido pelo punho de Mário, e com uma assinatura apócrifa, aposta, então: Movimento Popular de Libertação de Angola. A ideia  do nascimento do MPLA, em 1956, aparece nessa altura, por iniciativa de Mário e de Viriato, sem qualquer fundamento histórico.
Quando em Setembro de 1961, os primeiros 14 militantes do MPLA se instalam em Leopoldville (ZAIRE), entre os quais Mário e eu próprio, a  guerra colonial tinha estalado no Norte de Angola seis meses antes. Isso não impede os dirigentes do MPLA de instalar as estruturas políticas e sociais, graças aos preciosos dólares dados pelos camaradas chineses, aquando da 2ª viagem de Viriato à China Popular. Houve outros contribuintes, claro. Mário presidia a Direcção Provisória, com Viriato como Secretário Geral. As coisas corriam muito bem no seio da Direcção. Eu fazia parte da ONG angolana, C.V.A.A.R, (Corpo Voluntário Angolano de Ajuda aos Refugiados), juntamente com outros nove médicos angolanos, dirigidos por Américo Boavida.
 Dezenas de jovens angolanos foram então enviados para treino militar nos campos militares argelinos em Marrocos, dirigidos por Iko e Africano Neto.
A luta pela Unidade do movimento nacionalista foi sempre uma constante nas preocupações de Mário de de Viriato, recebendo de Holden Roberto, uma recusa brutal. Por outro lado, a ofensiva racista desencadeada pela UPA, acusando o MPLA de ser um “ movimento de mestiços, filhos de colonos”, teve como consequência o afastamento da Direcção Provisória de três dirigentes mestiços: Viriato, Lara e Eduardo dos Santos. Apesar de mestiço, Mário conservou o seu lugar de Presidente.
Foi então que eu senti na pele, por ser um mestiço claro, a intensa força do racismo, e pude constatar então que os negros podem ser tão racistas como os brancos, em determinadas circunstâncias.Com efeito, o exemplo mais paradigmático, foi apedrejamento no jeep em que ia o Dr. Rui de Carvalho, médico mestiço do CVAAR, em missão humanitária, por populações refugiadas da guerra, às regiões fronteiriças do Congo (Zaire). Foi quase lapidado. 
A chegada de Agostinho Neto em terras africanas, em Tanger (Marrocos), trazido numa traineira por José Nogueira, foi para Mário e para Lúcio ocasião para saudarem “ aquele que todos nós consideramos como o chefe do nosso movimento e o Homem capaz de unificar os movimentos desunidos”. Foi então que Mário teve a infeliz ideia de entregar, com alívio, a direcção do Movimento. Assisto à chegada de Neto a Kinshasa, a quem ofertei em minha casa um lauto banquete, com Mário e Viriato presentes.
A tomada de poder do MPLA por Neto altera o ambiente de unidade e de fraternidade no seio da direcção. O conflito entre os dois líderes- Viriato e Neto - criou uma dinâmica negativa que iria conduzir à implosão  do Movimento. Neto, eleito na 1ªa Conferência Nacional, recusa-se a trabalhar com Viriato e afasta-o.. Mário, um conciliador nato, não intervém na contenda. Foi um erro, que ele próprio reconheceu, mais tarde.
Viriato rompe com a Direcção de Neto e de Mário, afasta-se arrastando consigo uma centena de militantes, os quais são acolhidos na FNLA por Holden, embora esta união contra-natura nunca tenha funcionado realmente.
O MPLA explode e é expulso do Congo. Dezenas de quadros procuram refúgio na Argélia, no Ghana, no Congo Brazza, em Marrocos. Mário, chocado com a criação por Neto da Frente Democrática Libertação de Angola, sem ser consultado, afasta-se também e refugia-se em Argel, onde é recebido e apoiado pelo governo argelino, que lhe atribui um subsídio e uma bela vivenda em St Eugéne (Argel), à borda do Mediterrâneo.
A sua travessia do deserto de cerca de dez anos, passou-as ele rodeado pela sua familia, sua mulher Sara, e as filhas Henda e Annouchka. Fo i também apoiado e acarinhado por um circulo estreito de amigos exilados e excluídos como ele, dos quais destaco o médico e escritor Tomás Medeiros, que encontrou  em casa do Mário o calor de uma família e de quem foi um interlocutor e colaborador muito escutado.
Manteve-se, contudo, na Presidência da CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas), o que lhe permitiu realizar, em Dar Es Salaam, em 1965, a IIª Conferência dos movimentos nacionalistas. Eu fiz parte da delegação do MPLA conduzida por Agostinho Neto. Fizemos a viagem pelo Cairo, o que nos foi dado admirar as pirâmides num esplendoroso espectáculo “som e luz”.
Da sua vasta produção literária, como escritor e pensador, destaco três obras : O caderno “Poesia Negra de Expressão Portuguesa”; de 1953, em  Lisboa,;  depois , já em Paris, a  “Antologia de poesia negra de expressão portuguesa”, de 1958, e, depois, em 1997, na Dom Quixote  ”Origens do nacionalismo africano”.
Só muito mais tarde, em 1971, voltaria a juntar-se a Agostinho Neto, na Frente Leste, num período de grandes dificuldades provocadas pela ofensiva do exército colonial. Mário apercebe-se então das insuficiências, lacunas e improvisações na direcção da luta de libertação, nas três frentes armadas, distantes de milhares de quilómetros umas das outras.
 Associa-se com entusiasmo ao movimento de crítica e de contestação à condução da luta, lançada por Gentil Viana, recém chegado da China Popular. Esse movimento, a “Revolta Activa”, mobilizou a maior parte dos quadros politicos na IIª Região Militar e pôs em risco a liderança de Agostinho Neto, numa altura em que eclodia, em Portugal, a Revolução dos Cravos, a qual modificou totalmente o contexto político português e nas colónias.
A Revolta Activa não tinha por objectivo retirar a liderança de Neto, mas tão sómente o restabelecimento da democracia interna, a abertura a outras ideias e métodos, Criticava-se também a anquilose do pensamento político da direcção. Este sobressalto salutar não conseguiu atingir os seus objectivos no Congresso de Lusaka. Pelo contrário, perante a intransigência das diferentes posições, Neto e seus colaboradores mais próximos retiram-se e, numa manobra brilhante e audaciosa,  impõe a sua autoridade na Reunião Inter Regional, já em território angolano,.tornando-se o chefe incontestado do M.P.L.A. Neto assina, então, a cessão das hostilidades com a delegação militar portuguesa dirigida pelo Capitão Pezarat Correia, e entra triunfalmente em Luanda, no 4 de Fevereiro de 1975, perante o delírio da população. Mário e Gentil e seus amigos saem desse processo muito fragilizados e profundamente perturbados.
Vou encontrar Mário, nessa altura, em Luanda, numa altura de enormes desiquilibrios socio políticos. Nada estava definido. Tivemos uma conversa, organizada por Djelloul Malaïka, chefe da delegação argelina numa tentativa de conciliação de retorno da Revolta Activa às fileiras do MPLA, num contexto de grande conflitualidade com outras forças políticas. O apelo à unidade das forças progressistas não foi atendido, então, por Mário, ele que era por essência um homem de compromisso e de diálogo.
Só nos voltaríamos a ver, meses depois, em Luanda, em Dezembro desse ano, em casa do médico Eduardo dos Santos.  Eu passei por lá para tomar um copo e afinal deparo-me com uma reunião de vários membros da Revolta Activa. As coisas estavam feias para eles e vivia-se um clima de medo. Transmiti-lhes então a informação confidencial de que eles iam ser detidos , em breve. Mário toma então a decisão de sair do seu país, graças ao seu passaporte argelino.
Nunca mais regressaria vivo à sua Terra tão amada, por quem dera o melhor de si, durante toda a sua vida, numa luta incessante pela dignidade e liberdade do seu Povo, num permanente mal entendido com Agostinho Neto. Qual o seu pecado, qual o seu erro? Ter ideias diferentes e tentar defendê-las, num ambiente de grande autoritarismo.
No exílio, foi acolhido, então, com honrarias e demonstrações de fraternidade e amizade pelos seus amigos Luiz Cabral, na Guiné, e, mais tarde, por Marcelino dos Santos e Aquino de Bragança, em Maputo, onde lhe abriram as portas da Universidade Modlane.
Veio a falecer amargurado, desiludido e no mais profundo sofrimento moral e material, nunca tendo recebido da Pátria ingrata, em vida, a nacionalidade angolana. Viveu e morreu “ sem papéis” Como eu. Um destino shakespeariano.

- Edmundo Rocha, candidato a Presidente do Conselho Fiscal


Médico e escritor
Palestra apresentada na Fundação Mário Soares , em Lisboa, em 11.Maio. 2010, por ocasião do lançamento em Portugal do livro “MÁRIO PINTO DE ANDRADE, UM OLHAR ÍNTIMO”, coordenado por Henda Pinto de Andrade, editado em Luanda, por Xá de Cachinde.
11.05.2010
Obras consultadas:
 Edmundo Rocha, - “ANGOLA, contribuição ao estudo da génese do nacionalismo moderno angolano, período 1950-1964 testemunho e estudo documental” 2ª edição, Lisboa 2009, Ed. DINALIVROS.
Edmundo Rocha, Francisco Soares e Moisés Fernandes - “VIRIATO DA CRUZ , O Homem e o Mito”, 2008, Ed Xá de Caxinde, Luanda / Prefácio, Lisboa.
Mário Pinto de Andrade – Uma Entrevista. M.Laban. 1997. Ed. J.Sá da Costa
Mário Pinto de Andrade – Origens do Nacionalismo Africano – 1997 – Public. Dom Quixote, Lisboa
Mata, I e Padilha L. - Mário Pinto de Andrade, um intelectual na política, 2000, Ed.Colibri, Lisboa

sábado, 20 de novembro de 2010

OPINIÃO
MUDANÇA NECESSÁRIA
e Estudantes Angolanos em Portugal


Da minha experiência como docente universitária, fica-me  o acompanhamento da odisseia de muitos alunos angolanos que fizeram o esforço para continuar a sua formação académica em Portugal. Seja para obter as suas Licenciaturas seja para prosseguirem os estudos de especialização em Mestrados ou mesmo programas de Doutoramento.

A maior parte destes alunos debatem-se com várias condicionantes  que, à partida, os limitam no seu objectivo principal: Realizar a sua formação universitária.

Começam, muitas vezes por chegarem atrasados relativamente ao início do ano académico, à formação das turmas à integração de grupos de trabalho, às primeiras aulas.
O clima, que já vai frio e chuvoso, bem diferente do clima que deixaram na sua terra natal, obriga-os à  procura da roupa adequada à feição das bolsas de estudo, quantas vezes também elas, em atraso de pagamento. Se alguns destes conterraneos, podem contar com o apoio de familiares e amigos, já residentes em Portugal, outros chegam totalmente desprotegidos nesta matéria, essencial para o seu conforto, começo de vida e integração num país diferente. Comprar onde ? O quê?

Nas Universidades, tudo é novo. Desde os procedimentos administrativos, aos métodos pedagógicos, aos modelos de avaliação. O acesso às fontes de informação recomendadas pelos professores, nem sempre é fácil. Se algumas universidades disponibilizam o acesso universal e “free” à Internet, outras nem dispõem de computadores em número que permita flexibilidade de utilização para quem não tenha este recurso próprio e essencial para qualquer estudante.
Por outro lado, alguns alunos chegam com déficit de conhecimentos de base, especialmente no inglês. Isso implica um esforço adicional do aluno, uma dedicação maior, e quantas vezes o apoio com aulas suplementares para se ajustarem ao nível médio das turmas.

O alojamento é outra luta. Encontrar o quarto, a residência universitária, ou que seja uma cama num local de acesso fácil e barato à universidade, é sempre muito trabalhoso e moroso, direi mesmo penoso. Exige ajuda de quem já tenha experiência, conheça os canais.

E quando bate a saudade, a lembrança das farras de sábado, das tertúlias familiares de domingo, do aconchego maternal, da amizade dos ex-colegas, do sabor da muamba, do cheiro da terra molhada, do alerta da trovoada? Faz falta quem os oiça, quem os compreenda, quem os conforte.

É  com isso que os angolanos, a estudar em Portugal, podem contar com a “Casa de Angola” e a lista “Mudança Necessária”. Apoio à sua integração em Portugal, a fim de alcançarem os seus objectivos com entusiasmo e perseverança. Os resultados serão certamente prestigiantes individualmente e para a Nação.  



- Maria do Carmo Lucas, docente universitária (Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa), candidata a Secretário da Mesa da Assembleia Geral

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

terça-feira, 16 de novembro de 2010

APOIO
Profª Maria do Carmo Medina adere
ao programa da “Mudança Necessária”


“Apoio a lista que é liderada pelo Dr. Natal e que espero venha retirar a Casa de
Angola do lamaçal em que está enterrada com toda a obstrução a um funcionamento
digno duma instituição que se quer credível e respeitada. Infelizmente, recordo que
assisti à investidura da actual direcção feita com toda a pompa e circunstância
recheada de promessas de futuras actividades... quando me deparei com todo o
imobilismo posterior até para a comemoração das datas significativas da vida de
Angola!
Enfim, acho que a Casa de Angola não deve ser uma arena de luta, mas um local onde
as diversas tendências políticas e culturais devem conviver e convergir para um
entendimento.
Espero retornar à convivência gratificante e amiga da "nossa" Casa.”

- Maria do Carmo Medina *

* primeira advogada angolana (defensora de perseguidos políticos pelo regime colonial), juiz jubilado do Tribunal Supremo, professora titular da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto (UAN).