segunda-feira, 22 de novembro de 2010

MÁRIO  DE ANDRADE.
“UM OLHAR SOBRE MARIO DE ANDRADE,
AO LONGO DE CINQUENTA ANOS DE LUTAS COMUNS”*

Edmundo Rocha**

Respeitado, admirado, acarinhado tanto em Paris, como em Conackry, Rabat, Argel, Maputo, Praia e Bissau, pelo seu empenhamento nas lutas pela liberdade dos povos africanos de expressão portuguesa como um dos mais brilhantes arautos da identidade africana e um dos principais obreiros da sua corrente marxista, Mário de Andrade, como tantos outros nacionalistas, teria encontrado poderosas razões para abandonar precipitadamente a sua pátria logo após a independência.Procura, então, terras de abrigo onde daria o seu  contributo para a consolidação das jovens independências, na Guiné primeiro e depois em Mozambique, triste destino para um Homem de diálogo e de compromisso.
Mário Pinto de Andrade
Oriundo de uma terra de letrados e de homens de igreja, no Golungo Alto, é um autêntico “ filho da terra”. Conheceu em sua casa, nas Ingombotas, muitos dos amigos de seu pai, “os Mais Velhos”, como André Mingas, Manuel Bento Ribeiro, Gervásio Ferreira Viana, fundadores como ele da Liga Nacional Angolana, nos anos 30. Mário cedo integra as actividades e as lutas na Liga, pelas reivindicações básicas: a plena cidadania, o Bilhete de identidade, o acesso à instrução.
Em Lisboa, onde chega em 1948, inscreve-se na Faculdade de Letras, em estudos difíceis, vivendo de explicações. Foi, nessa época distante,  meu explicador de latim. Liga-se àqueles que iriam ser os seus companheiros de sonhos e de lutas para toda a vida: Noémia de Sousa, Amilcar Cabral, Alda do Espirito Santo, Marcelino dos Santos, Lúcio Lara e Agostinho Neto, com quem cria uma tertúlia informal na casa da Tia Andreza, na Rua Actor Vale, o Centro de Estudos Africanos, casa com pergaminhos históricos que já deveria ter uma placa comemorativa, não só à Tia Andreza, recentemente falecida, como ao próprio Centro de Estudos, espaço de memória, de estudos e de reflexão à volta de temas africanos.
Nos Arquivos da Torre do Tombo encontrei o minucioso programa de trabalhos, poesia, prosa, história, etnografia, sociologia, economia, etc. O que mostrou o grau de seriedade e de compromisso, de redescoberta do Eu Africano, da necessidade de reafricanisação e de inserção no quadro mais global dos movimentos de emancipação dos negros, tanto na América, como nas Antilhas e em África. Foi um espaço criativo, que eu frequentei assim como o meu amigo Dr Tomás Medeiros. Foi nesse espaço que Mário gizou com Francisco Tenreiro, o “Caderno de Poesia Negra de Expressão Portuguesa”, primeiro marco do movimento da negritude nos espaços lusos.
As suas brilhantes palestras na Casa dos Estudantes do Império (CEI) e no Ateneu de Coimbra tiveram uma influência decisiva na tomada de consciência de uma identidade específica no seio dos jovens africanos, estudantes e marítimos, no inicio dos anos cinquenta.
A sua passagem pelo MUD juvenil* foi breve, avesso que ele era à disciplina que toda a militância clandestina exigia, o que o levou a ser detido pela PIDE em 1951 e em 1954. Mário apercebe-se então de que  os problemas dos povos colonizados não constituíam então , uma preocupação para os antifascistas portugueses, estimando estes ser prioritário o derrube do fascismo.
Em Junho de 1954 Mário decide fixar-se em Paris “um pouco para escapar a um circulo que eu via fechar-se à minha volta”.
Vivia-se em Portugal, nessa época, num ambiente hermético, provinciano, sob a pressão permanente das leis fascistas. Mário aspirava por espaços mais largos, universais, onde pudesse lançar a mensagem de desespero e de esperança dos seus compatriotas. Mário decide então a lançar-se nessa “grande aventura intelectual”.
Foi numa manhã pardacenta, que três jovens africanos, Aquino de Bragança, Marcelino dos Santos e eu próprio, acolheram na Gare d’Austerlitz, aquele jovem franzino, de olhos cintilantes de malícia e de humor , com óculos de aros metálicos, fatigado de uma longa viagem de comboio, aquela personagem que iria imprimir uma nova dinâmica aos sonhos  e esperanças de muitos jovens estudantes e trabalhadores na diáspora e que iria denunciar ao mundo as iniquidades do regime fascista e colonialista de Salazar.
Os primeiros tempos não foram fáceis vivendo do apoio dos seus amigos, dormindo ora no quarto de uns ora de outro, na Maison du Maroc, Bd Jourdan, na Cidade Universitária. Présence Africaine abriu-lhe as portas e foi o cadinho para os seus voos intelectuais. Foi aí que Alioune Diop o põe em contacto com homens de letras, políticos e estudantes da Africa Negra, das Caraíbas e intelectuais de expressão inglesa, como Senghor, Dadié, Cheikh Anta Diop, Bastide, D’Arbousier, Césaire, Basil Davidson , entre outros, os quais viriam a ser determinantes no apoio à mensagem nacionalista.
Foi certamente um dos maiores humanistas angolanos do seu tempo que soube promover, como ninguém, o Homem Africano em todas as suas dimensões, os seus sonhos e esperanças . Mário tinha uma estatura intelectual e política que ultrapassava o seu país de origem e abraçava a problemática complexa dos povos sob domínio colonial português
Graças ao seu espírito brilhante, verve fácil, elegante, “raffiné” , transbordante de humor  e de simpatia, foi o perfeito nacionalista africano, , da “rive gauche”, ligeiramente marxista..
O seu dinamismo e espírito visionário motivou a criação do “Grupo de Paris,” -- com Marcelino dos Santos, Aquino de Bragança, Guilherme do Espirito Santo e eu próprio. Este grupo manteve contactos estreitos com elementos mais conscientes na diáspora em Lisboa, com Angola, através de seu irmão Joaquim, com José Carlos Horta na Bélgica e com Luiz de Almeida, na Alemanha.
A chegada de Viriato da Cruz a Paris, em Outubro de 1957, munido dos Estatutos do Partido Comunista Angolano, que ele fundara em Luanda em 1955, e do Manifesto escrito com o seu punho a tinta verde, acelerou o movimento de emancipação dos povos africanos de expressão portuguesa. O grupo de Paris, com a presença de Viriato e de Amilcar Cabral, promove então uma reunião histórica, fundamental, a “Reunião de Consulta e de Estudo para o desenvolvimento da luta contra o colonialismo português”, em casa de Marcelino dos Santos, Rue Cujas, no Quartier Latin.
A tese de Viriato de condução da luta nacionalista por Partidos Comunistas foi combatida vivamente por Mário e afastada, para dar lugar ao conceito ideológico mais amplo de “Rassemblement”, de reunir, movimento agregador de várias classes sociais e etnias dos paises africanos. No entanto, essa opção pelo conceito de Rassemblement ficou impregnada de idéias marxistas, apócrifas, as quais viriam a marcar de maneira indelével, a ideologia e a praxis de todos os movimentos nacionalistas e condicionariam as orientações políticas e ideológicas dos jovens estados  , mais tarde.
Foi então, nessa reunião, decidida a criação do M.A.C., (Movimento Anti Colonialista), agrupando os elementos mais conscientes na diáspora, como Amilcar, Neto, Lara , Iko, Carlos Pestana e eu na Direcção , em Lisboa. Vários jovens da C.E.I tiveram, mais tarde, uma intervenção significativa: foi o caso de Gentil Viana, de Paulo Jorge e de João Vieira Lopes. Embora a sede do MAC fosse em Lisboa, teve um papel muito importante de mobilização da juventude africana. Poude, também, exprimir-se lá fora. De Novembro de 1957 a Janeiro de 1960, em Tunes, data em que foi transformado no FRAIN, foi o único movimento clandestino dos militantes africanos, tanto em Portugal como na Europa.Nessa época não existiam nem o PAIGC, nem o MPLA ,nem a FRELIMO.
O MAC esteve presente em vários eventos marcantes: em 1958, Mário e Viriato participaram na Conferencia dos Escritores Afro Asiáticos, em Tashkent, sendo aí convidados pela delegação chinesa, para uma viagem memorável à China Popular, no Congresso de Escritores do Terceiro Mundo.
No ano seguinte, Mário, Viriato e Lara participam no IIº Congresso de Escritores e Artistas Africanos, em Roma, onde tiveram o primeiro encontro político significativo, com o dirigente do FLN, o médico e escritor Franz Fanon, que disponibilizou os campos militares do FLN para treino dos angolanos. Começavam a ser reconhecidos como força política.
O passo politico mais importante para o M.A.C. decorreu, no entanto, em Tunes, em fins de Janeiro de 1960. Mário doente, não pode participar à IIª Conferência dos Chefes de Estado Africanos, que projectou os jovens nacionalistas para a cena política. Foi então decidido substituir o MAC por duas organizações nacionalistas, o PAI e o MPLA. Foi a primeira vez que o MPLA aparece na cena politica africana.
Nessa altura, Agostinho Neto chega a Luanda e instala-se como médico, nos muceques, onde foi contactado por Pedro Pacavira, dirigente do MINA, um dos raros militantes que tinha escapado à fúria Pidesca. Neto inicia então, em 1960, a fase decisiva da luta nacionalista no interior, como dirigente do MINA. Esta sigla é mudada então para a de MPLA, em consequência de directrizes recebidas, em Maio desse ano, de Mário, então em Conackry. Neto é detido pela PIDE, seis meses depois, em Luanda e enviado para Cabo Verde.
Entretanto, Mário e seus amigos, Viriato e Lara, instalam-se na Guiné Conackry e iniciam a luta nacionalista, no exterior. Para Mário, o seu período africano não foi fácil. Habituado aos hábitos parisienses-- as longas e acesas conversas nocturnas que ele tanto apreciava, os  cigarros  Gauloises, a leitura quotidiana do Le Monde, o levantar a desoras, iam contra a disciplina imposta por Viriato aos seus camaradas. De constituição frágil devido a uma anemia persistente, Mário suportava mal as difíceis condições de vida dos nacionalistas em África. Ele tinha horror aos mosquitos, à humidade, à falta de higiene e ao calor. Era “um intelectual emprestado à politica, como ele próprio confessava. Dirige A  Direcção Provisória e lança uma campanha internacional exigindo a libertação do Presidente de Honra do MPLA, Agostinho Neto, então em residência vigiada , em Cabo Verde, na Ilha de Santo Antão. Amnistia Internacional adopta-o como o Prisioneiro de Consciência do ano, o que leva o governo português a libertá-lo, colocando-o em residência vigiada na Praia das Maças.
Mário assume o ataque às prisões no 4 de Fevereiro e reivindica a direcção da luta armada em Angola. É, então, que reaparece o MANIFESTO, corrigido pelo punho de Mário, e com uma assinatura apócrifa, aposta, então: Movimento Popular de Libertação de Angola. A ideia  do nascimento do MPLA, em 1956, aparece nessa altura, por iniciativa de Mário e de Viriato, sem qualquer fundamento histórico.
Quando em Setembro de 1961, os primeiros 14 militantes do MPLA se instalam em Leopoldville (ZAIRE), entre os quais Mário e eu próprio, a  guerra colonial tinha estalado no Norte de Angola seis meses antes. Isso não impede os dirigentes do MPLA de instalar as estruturas políticas e sociais, graças aos preciosos dólares dados pelos camaradas chineses, aquando da 2ª viagem de Viriato à China Popular. Houve outros contribuintes, claro. Mário presidia a Direcção Provisória, com Viriato como Secretário Geral. As coisas corriam muito bem no seio da Direcção. Eu fazia parte da ONG angolana, C.V.A.A.R, (Corpo Voluntário Angolano de Ajuda aos Refugiados), juntamente com outros nove médicos angolanos, dirigidos por Américo Boavida.
 Dezenas de jovens angolanos foram então enviados para treino militar nos campos militares argelinos em Marrocos, dirigidos por Iko e Africano Neto.
A luta pela Unidade do movimento nacionalista foi sempre uma constante nas preocupações de Mário de de Viriato, recebendo de Holden Roberto, uma recusa brutal. Por outro lado, a ofensiva racista desencadeada pela UPA, acusando o MPLA de ser um “ movimento de mestiços, filhos de colonos”, teve como consequência o afastamento da Direcção Provisória de três dirigentes mestiços: Viriato, Lara e Eduardo dos Santos. Apesar de mestiço, Mário conservou o seu lugar de Presidente.
Foi então que eu senti na pele, por ser um mestiço claro, a intensa força do racismo, e pude constatar então que os negros podem ser tão racistas como os brancos, em determinadas circunstâncias.Com efeito, o exemplo mais paradigmático, foi apedrejamento no jeep em que ia o Dr. Rui de Carvalho, médico mestiço do CVAAR, em missão humanitária, por populações refugiadas da guerra, às regiões fronteiriças do Congo (Zaire). Foi quase lapidado. 
A chegada de Agostinho Neto em terras africanas, em Tanger (Marrocos), trazido numa traineira por José Nogueira, foi para Mário e para Lúcio ocasião para saudarem “ aquele que todos nós consideramos como o chefe do nosso movimento e o Homem capaz de unificar os movimentos desunidos”. Foi então que Mário teve a infeliz ideia de entregar, com alívio, a direcção do Movimento. Assisto à chegada de Neto a Kinshasa, a quem ofertei em minha casa um lauto banquete, com Mário e Viriato presentes.
A tomada de poder do MPLA por Neto altera o ambiente de unidade e de fraternidade no seio da direcção. O conflito entre os dois líderes- Viriato e Neto - criou uma dinâmica negativa que iria conduzir à implosão  do Movimento. Neto, eleito na 1ªa Conferência Nacional, recusa-se a trabalhar com Viriato e afasta-o.. Mário, um conciliador nato, não intervém na contenda. Foi um erro, que ele próprio reconheceu, mais tarde.
Viriato rompe com a Direcção de Neto e de Mário, afasta-se arrastando consigo uma centena de militantes, os quais são acolhidos na FNLA por Holden, embora esta união contra-natura nunca tenha funcionado realmente.
O MPLA explode e é expulso do Congo. Dezenas de quadros procuram refúgio na Argélia, no Ghana, no Congo Brazza, em Marrocos. Mário, chocado com a criação por Neto da Frente Democrática Libertação de Angola, sem ser consultado, afasta-se também e refugia-se em Argel, onde é recebido e apoiado pelo governo argelino, que lhe atribui um subsídio e uma bela vivenda em St Eugéne (Argel), à borda do Mediterrâneo.
A sua travessia do deserto de cerca de dez anos, passou-as ele rodeado pela sua familia, sua mulher Sara, e as filhas Henda e Annouchka. Fo i também apoiado e acarinhado por um circulo estreito de amigos exilados e excluídos como ele, dos quais destaco o médico e escritor Tomás Medeiros, que encontrou  em casa do Mário o calor de uma família e de quem foi um interlocutor e colaborador muito escutado.
Manteve-se, contudo, na Presidência da CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas), o que lhe permitiu realizar, em Dar Es Salaam, em 1965, a IIª Conferência dos movimentos nacionalistas. Eu fiz parte da delegação do MPLA conduzida por Agostinho Neto. Fizemos a viagem pelo Cairo, o que nos foi dado admirar as pirâmides num esplendoroso espectáculo “som e luz”.
Da sua vasta produção literária, como escritor e pensador, destaco três obras : O caderno “Poesia Negra de Expressão Portuguesa”; de 1953, em  Lisboa,;  depois , já em Paris, a  “Antologia de poesia negra de expressão portuguesa”, de 1958, e, depois, em 1997, na Dom Quixote  ”Origens do nacionalismo africano”.
Só muito mais tarde, em 1971, voltaria a juntar-se a Agostinho Neto, na Frente Leste, num período de grandes dificuldades provocadas pela ofensiva do exército colonial. Mário apercebe-se então das insuficiências, lacunas e improvisações na direcção da luta de libertação, nas três frentes armadas, distantes de milhares de quilómetros umas das outras.
 Associa-se com entusiasmo ao movimento de crítica e de contestação à condução da luta, lançada por Gentil Viana, recém chegado da China Popular. Esse movimento, a “Revolta Activa”, mobilizou a maior parte dos quadros politicos na IIª Região Militar e pôs em risco a liderança de Agostinho Neto, numa altura em que eclodia, em Portugal, a Revolução dos Cravos, a qual modificou totalmente o contexto político português e nas colónias.
A Revolta Activa não tinha por objectivo retirar a liderança de Neto, mas tão sómente o restabelecimento da democracia interna, a abertura a outras ideias e métodos, Criticava-se também a anquilose do pensamento político da direcção. Este sobressalto salutar não conseguiu atingir os seus objectivos no Congresso de Lusaka. Pelo contrário, perante a intransigência das diferentes posições, Neto e seus colaboradores mais próximos retiram-se e, numa manobra brilhante e audaciosa,  impõe a sua autoridade na Reunião Inter Regional, já em território angolano,.tornando-se o chefe incontestado do M.P.L.A. Neto assina, então, a cessão das hostilidades com a delegação militar portuguesa dirigida pelo Capitão Pezarat Correia, e entra triunfalmente em Luanda, no 4 de Fevereiro de 1975, perante o delírio da população. Mário e Gentil e seus amigos saem desse processo muito fragilizados e profundamente perturbados.
Vou encontrar Mário, nessa altura, em Luanda, numa altura de enormes desiquilibrios socio políticos. Nada estava definido. Tivemos uma conversa, organizada por Djelloul Malaïka, chefe da delegação argelina numa tentativa de conciliação de retorno da Revolta Activa às fileiras do MPLA, num contexto de grande conflitualidade com outras forças políticas. O apelo à unidade das forças progressistas não foi atendido, então, por Mário, ele que era por essência um homem de compromisso e de diálogo.
Só nos voltaríamos a ver, meses depois, em Luanda, em Dezembro desse ano, em casa do médico Eduardo dos Santos.  Eu passei por lá para tomar um copo e afinal deparo-me com uma reunião de vários membros da Revolta Activa. As coisas estavam feias para eles e vivia-se um clima de medo. Transmiti-lhes então a informação confidencial de que eles iam ser detidos , em breve. Mário toma então a decisão de sair do seu país, graças ao seu passaporte argelino.
Nunca mais regressaria vivo à sua Terra tão amada, por quem dera o melhor de si, durante toda a sua vida, numa luta incessante pela dignidade e liberdade do seu Povo, num permanente mal entendido com Agostinho Neto. Qual o seu pecado, qual o seu erro? Ter ideias diferentes e tentar defendê-las, num ambiente de grande autoritarismo.
No exílio, foi acolhido, então, com honrarias e demonstrações de fraternidade e amizade pelos seus amigos Luiz Cabral, na Guiné, e, mais tarde, por Marcelino dos Santos e Aquino de Bragança, em Maputo, onde lhe abriram as portas da Universidade Modlane.
Veio a falecer amargurado, desiludido e no mais profundo sofrimento moral e material, nunca tendo recebido da Pátria ingrata, em vida, a nacionalidade angolana. Viveu e morreu “ sem papéis” Como eu. Um destino shakespeariano.

- Edmundo Rocha, candidato a Presidente do Conselho Fiscal


Médico e escritor
Palestra apresentada na Fundação Mário Soares , em Lisboa, em 11.Maio. 2010, por ocasião do lançamento em Portugal do livro “MÁRIO PINTO DE ANDRADE, UM OLHAR ÍNTIMO”, coordenado por Henda Pinto de Andrade, editado em Luanda, por Xá de Cachinde.
11.05.2010
Obras consultadas:
 Edmundo Rocha, - “ANGOLA, contribuição ao estudo da génese do nacionalismo moderno angolano, período 1950-1964 testemunho e estudo documental” 2ª edição, Lisboa 2009, Ed. DINALIVROS.
Edmundo Rocha, Francisco Soares e Moisés Fernandes - “VIRIATO DA CRUZ , O Homem e o Mito”, 2008, Ed Xá de Caxinde, Luanda / Prefácio, Lisboa.
Mário Pinto de Andrade – Uma Entrevista. M.Laban. 1997. Ed. J.Sá da Costa
Mário Pinto de Andrade – Origens do Nacionalismo Africano – 1997 – Public. Dom Quixote, Lisboa
Mata, I e Padilha L. - Mário Pinto de Andrade, um intelectual na política, 2000, Ed.Colibri, Lisboa